quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


“Como a gente se perde! A linguagem que o meu sangue entende - é esta. A comida que o meu estômago deseja  - é esta. O chão que os meus pés sabem pisar – é este. E, contudo, eu não sou já daqui. Pareço uma destas árvores que se transplantam, que têm má saúde no país novo, mas que morrem se voltam à terra natal.”

                                                                        Miguel Torga, in “Diário” 1934.





A minha irmã do meio

De seu nome F., a minha irmã do meio vive longe da terra natal, tal como eu que vivo longe das duas.


É professora, e despertou em mim o gosto por Miguel Torga, com ela conheci a terra dele, São Martinho da Anta, e guardo para sempre a lembrança da Galafura.

Hoje em dia vemo-nos e falamo-nos pouco, no entanto “…muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa…”

Criei o blogue e nem sequer pensara ainda por onde começar, quando vi o desafio lançado em «Cinco Quartos de Laranja» que costumo visitar: Uma receita com laranja.

Por coincidência mudei de casa há pouco tempo e uma vizinha, a título de boas vindas, ofereceu-me um saco dos frutos do seu laranjal.

Falar em laranjas em casa da minha família é o mesmo que falar no “Bolo de Laranja da Rosa”. O bolo de laranja da Rosa é imprescindível nas festas de Natal – que é o mesmo que dizer que se não há bolo de laranja, o Natal não é o mesmo.

O bolo de laranja da Rosa já foi requisitado para todo o tipo de comemorações, em qualquer época do ano.

Foi com o bolo de laranja que a Rosa começou a ganhar gosto pela cozinha, porém o bolo de laranja da Rosa, não é da Rosa – é uma receita tirada dum caderno de receitas da F.!



Até hoje, a minha irmã do meio é a única representante do ramo materno da família que não se concilia com a cozinha, talvez por isso deixou esquecidos nas gavetas dos armários da cozinha da nossa mãe os seus preciosos caderninhos.

Nos seus tempos de liceu, do programa curricular faziam parte as aulas de culinária e a minha muito organizada irmã trazia impecáveis todos os seus cadernos.

As receitas são excelentes e muitas delas fazem parte do meu reportório culinário, que tantas alegrias me tem dado.

Os caderninhos, como podem ver estão a ficar gastos e tenho «passado a limpo» as receitas, mas os cadernos esses quero guarda-los, até porque a mana é senhora de uma letra toda certinha e “mui guapa”.

Vamos então à receita que nem é da Rosa nem da F., cuja origem remonta aos anos setenta e às aulas de culinária do Liceu Rainha Santa Isabel, e continua a ser a receita de bolo de laranja mais apreciada cá por casa:

Delícia de Laranja

2 laranjas

250 gr. de manteiga

250 gr. de açúcar

220 gr. de farinha com fermento

5 ovos

Unta-se uma forma de buraco e polvilha-se com farinha.

Liga-se o forno a 190ºC.

Bate-se a manteiga com o açúcar, o sumo e a raspa de 1 laranja.

Junta-se os ovos inteiros um a um batendo sempre.

Por fim acrescenta-se a farinha.

Vai ao forno entre 30 a 40 minutos, até espetar um palito e ele saír seco.

Desenforma-se ainda quente, pica-se com um garfo e rega-se com uma calda feita com o sumo de 1 laranja batido com açúcar (num copo coloca-se açúcar até cobrir o sumo, bate-se com uma colher e está pronta).




Bom apetite.
Rosa C.













5 comentários:

  1. Olá Rosa,
    começar o blogue com uma receita de laranja, deixa-me muito orgulhosa. Gostei muito da receita. Eu adoro bolos de laranja. Gostei muito de "conhecer" esse livro de receitas que parece muito especial.

    Um beijinho e votos de muito sucesso para este novo cantinho.
    Obrigada pela participação.

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    1. Boa noite Rosa
      A minha mãe também tinha aulas de culinária. Aqui há tempos deu-me todos os seus livros manuscritos.
      E é muito interessante. Não fosse este desafio da querida Laranjinha e esta receita teria ficado esquecida, aqui pelos meus velhos documentos!!
      É da Srª D. Lídia Cunha Almeida, professora. E data de 27-02-1959. Numa 4ª lição em que o sumário é : Delicia de laranja; pasteis de nata; chá gelado.

      Muitas felicidades para o blogue
      Cumprimentos

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  2. Não herdei receitas escritas, apenas o que guardo na memória, aromas, paladares...
    O cheiro da lenha a arder para aquecer o forno, as farinhas na maceira, onde a broa nascia...
    Maravilhosos os caderninhos, mas o blogue pode levar ao mundo os segredos que eles encerram, vão fazer renascer as receitas, dar-lhes vida com as imagens que os caderninhos não guardam. Muito sucesso para o seu blogue.

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  3. Nem sei do que goste mais, se do caderno, se do bolo, se das memórias e carinhos de que este é feito. Felicidades para o blog que começa a dar os primeiros passos. Vou voltar para o ver crescer.
    Beijinhos

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